Os princípios verdadeiros podem ser bem diferentes dos nossos ...

Os princípios verdadeiros pelos quais devemos viver podem ser bem divergentes dos que cremos, podendo ser sofismas inventados pelos homens: sombras da verdade ou fragmentos dela.
A identidade do homem é construída por meio de certos contextos sociais, culturais e históricos, porém o Eterno está no contexto da humanidade absolutamente. Quando atinamos com isso, passamos da morte para a vida.
Nesta página poderemos refletir e argumentar, para descobrirmos se estamos vivendo a VERDADE, essa que é absoluta e que não depende de quaisquer pontos de vista.







"Não deixe portas entreabertas. Escancare-as ou bata-as de vez. Pelos vãos, brechas e fendas passam apenas semiventos, meias verdades e muita insensatez."
Cecília Meireles

Vivemos eternamente adquirindo convicções novas e num eterno trabalho de reeducação de nós mesmos.
Mário de Andrade

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A religião perversa

Tomei emprestadas as palavras desta pessoa, pois ela escreveu muito do que eu penso de maneira clara e objetiva:

Carlos Moreira

Quando alguém aceita a Cristo como seu Senhor e Salvador, não percebe, de imediato, o milagre que se realizou silenciosamente em seu ser, o desencadeamento de todo um processo interior e espiritual em proporções inimagináveis.

Através da iluminação do Espírito Santo, que produz a consciência de pecados, nascemos de novo, recebemos o próprio Espírito em nossas vidas, apropriamo-nos da remissão de pecados – mediante o sangue do Cordeiro – somos justificados pela fé, pois cremos com o coração e confessamos com a boca a Jesus, e, a partir de então, começamos a viver os prenúncios da eternidade, pois nossa consciência começa a ser reelaborada a partir da matriz de valores do Evangelho, o que nos leva a praticar atos de justiça.

O processo de santificação, que é este desafio de, no caminho encarnarmos “O Caminho”, é algo que vai sendo gestado de dentro para fora, das percepções para as ações, dos conteúdos para a prática, algo que permite com que carisma e caráter caminhem lado a lado, harmonizem-se com a finalidade de construção de um novo ser, pois, como disse Proudhon, “a revolução sucede à revelação.

Isso fica bonito num texto religioso-filosófico, mas, na prática, a realidade é outra. O que tenho visto, nas últimas décadas, é que o “evangelho” não produz mais aquilo que deveria produzir, ou seja, ou ele perdeu a sua eficácia com os anos, ou o que estamos pregando é um outro “evangelho”!

Sinto uma alegria indescritível quando encontro alguém que me relata ter tido recentemente uma experiência com Deus através de Jesus Cristo. Por outro lado, minha alma é invadida por uma imensa tristeza, pois sei que há grandes chances desta pessoa se tornar uma vítima da engrenagem  das instituições religiosas, pois, como disse Nietzsche, “Deus está morto e o seu túmulo é a Igreja".

Quando o filósofo escreveu esta sentença, estava diante de uma religião perversa, a qual havia criado um “deus” caricaturado, um ser absoluto e indiferente. “Matar” Deus, significava extinguir o dogma, o conformismo, a superstição e o medo, era a proposta da não imposição de “regras”, as quais impediam a transcendência do ser, sua auto-afirmação, sua busca por elevação em sua saga existencializada.

O que vejo em nossos dias é que as pessoas “desembarcam” nas comunidades, às vezes oriundas de movimentos, outras após aceitarem o convite de amigos ou parentes, em algumas situações após terem levantado a mão num “apelo”, seja como for, e, a partir daí, iludidas pelo "sistema", começam a imaginar que a vida cristã significa apenas uma mudança na agenda, e não uma transformação na consciência!

O “novo convertido” inclui em sua programação semanal um culto dominical, uma reunião de oração, a participação em um pequeno grupo, ou mesmo num movimento, e pronto, toda a sua vida está rearrumada! Agenda refeita, lá vai o novo “crente” “mundo a fora”, ano após ano, e nada do que ele faz é capaz de produzir transformações significativas em seu ser – reestruturação emocional, ressiginficação conjugal, reelaboração familiar, renascimento espiritual, redirecionamento profissional.

É que o sujeito, não raro, apenas trocou o bar pelo pequeno grupo, o cinema pelo culto, a praia pelo movimento e a palestra pela reunião de oração. Ele mudou a agenda, mas não mudou o coração. Em alguns anos, irá sentir-se totalmente esvaziado de propósitos e significados, viverá uma fé epidérmica, uma espiritualidade não-sustentável, se decepcionará com a Igreja, ou, talvez, até com o próprio Deus, irá tornar-se um “esquentador de banco”, freqüentador de reuniões que possuem, como único objetivo, purgar de sua consciência um sentimento de culpa por ter se tornado um ser sem emoção, sem reverência, sem devoção. 

Termino com Karl Jaspers, filósofo e psiquiatra alemão: “a verdadeira existência é a possibilidade de transcender a situação na qual nos encontramos”. E eu, na minha insignificância, fico pensando: e se não for isso, então, o que será? 


Carlos Moreira é culpado por tudo o que escreve. Ele posta aqui no Genizah e também na Nova Cristandade


Leia Mais em: http://www.genizahvirtual.com/2011/07/alterar-agenda-nao-significa.html#ixzz1S5NCrrzg
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Um comentário:

  1. Gostei! O que as organizações religiosas de hoje produzem é mudança de agenda demais e renovação da mente de menos! Há tantas atividades e compromissos que não há oportunidade para buscar o Espírito Santo. Cris.

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