Negar-se, tomar a cruz e seguir

SER DISCÍPULO é negar-se, é tomar a cruz e seguir, fazendo as obras de Deus, ou seja, crendo que Jesus é o Cristo. Aceitando que toda a obra de Cristo é suficiente para a reconciliação com o Pai e que nenhuma obra humana tem valor.
Negar-se não é, somente, deixar de fazer algo que se gosta muito ou ficar quieto quando não se concorda com a opinião de alguém. Não é, também, perder a identidade, isto é, mudar de personalidade (tornar-se um esquizofrênico espiritual), porém é assumir a identidade de Cristo e passar a ser filho por meio do novo nascimento. É assumir a obra redentora de Cristo e ser usado por Ele do jeito que somos com a mente transformada. Nossa identidade é santificada, purificada, a fim de que renunciemos o modo de vida (filosofia), sutilmente, imposto pelo príncipe desse mundo. 
O amor de Deus é incondicional, Ele nos ama como somos e quando cremos, o sangue de Cristo nos purifica de todo o pecado. 

Quem segue a Jesus, sabe que só pela fé na morte e ressurreição é que poderá herdar o Reino.

Negar-se é saber que nenhuma obra humana, que nenhum esforço humano é suficiente para vencer a inclinação para o pecado. Negar-se é entregar toda a nossa força, é desistir, é admitir que não consegue, para Deus agir e, em seguida, receber de graça a justificação e a santificação. É não se amoldar aos padrões humanos e reconhecer que esses padrões estão errados, entretanto continuaremos a ser como éramos, pois Deus nos formou assim. 
Negar-se é ser corajoso o suficiente para se humilhar diante de Deus e dizer: eu não consigo, eu não sei como fazer, eu não tenho forças, eu dependo de Sua ajuda até para crer. 

Tomar a cruz é ter certeza de que a morte o espera, é reconhecer que é digno de morte por causa das obras más, reveladas nas atitudes estimuladas pela rebeldia e independência de Deus. É certificar-se de que todo homem é um escravo rebelde tal qual o adversário de Deus.

Seguir é mudar de valores, tendo Jesus como modelo. É estar convicto de que todo o pensamento deve ser renovado por meio do sacrifício, deve ser levado ao altar para ser queimado, oferecido a Deus como renúncia voluntária. É tomar posse da nova filiação, morrendo e ressuscitando com Cristo. Portanto, quem está em Cristo é nova criação, as coisas velhas se passaram, eis que tudo se fez novo. (2 Coríntios 5:17). E Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou. (2 Coríntios 5:15). É continuar sendo quem somos, contudo, deixarmos de viver para nós mesmos; é vivermos para Deus, fazendo a vontade de Deus.

Muitas vezes, queremos vencer nossa inclinação carnal por nossas próprias forças. Quando fazemos isso, não estamos nos negando, estamos considerando que temos capacidade para realizar a obra que só Cristo pode realizar. Num esforço tremendo para não ter maus pensamentos, quando menos esperamos, estamos com pensamentos maus novamente. Posso até conseguir, mas não valeu nada, pois tenho de deixar Deus agir em mim.

Se eu me entrego e vou para a cruz, juntamente, com Cristo, a obra é dEle e Ele extermina os maus pensamentos, assim, toda a glória é para Ele. Se o esforço é meu, a glória não irá para Ele.

Jesus não realizava suas próprias obras, mas as do Pai, para que a glória não fosse dEle. (Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras.) João 13:10

Jesus se negou, deixando que a glória fosse do Pai. Foi para a cruz, para que todo o mau fosse desfeito e para que o príncipe desse mundo fosse condenado, sem direito a nos acusar e deixou o modelo.

Assim, Paulo, o apóstolo fala: longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo (Gálatas 6:14), quando se refere à circuncisão da carne que alguns queriam impor aos seguidores de Cristo.

Portanto, nada que façamos tem algum valor para Deus, mas somente e tão somente a obra de Cristo em nós, se crermos. A única maneira de agradar a Deus é crer na obra do Filho.

O mais difícil para o homem é aceitar que seu esforço não tem valor para Deus, que o se negar é crer que toda a obra é de Cristo, é se desfazer de todo e qualquer valor, pois não existe bondade no homem. Nem mesmo Jesus, quando estava encarnado, ousou deixar que o chamassem de bom. Marcos 10:17 e 18 – Bom mestre, que farei para herdar a vida eterna? Jesus lhe respondeu: Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão um que é Deus.

Se permanecermos em Cristo e Ele em nós, toda a boa obra, todo o dom perfeito procederá do Pai das Luzes (Tiago 1:17) e Ele preparará as obras para que, os que foram criados em Cristo, andem nelas (Efésios 2:10). Será  muita soberba, será muita arrogância, pensarmos que, algum dia, fizemos alguma coisa, porque dele e por meio dele e, para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém! Romanos 11:36

Para enriquecer:

Negar : dicionário Houaiss - formular negativa sobre; afirmar que não; recusar-se a admitir; contestar; demonstrar rejeição por; repelir, repudiar; não conceder ou permitir; denegar, recusar; não se submeter, não se sujeitar; denegar-se, recusar-se; não reconhecer, não aceitar como legítimo; opor-se a, não consentir; impedir, proibir; deixar de lado; abandonar, esquecer;  não confessar (erro, delito, crime etc.); deixar de revelar, manter em segredo; esconder, ocultar; afirmar que (algo) contraria a verdade; desmentir; esquivar-se a; evitar; não se apresentar; ocultar-se.

Tomar a cruz: caminhar para a morte e para a vergonha; símbolo de quem é condenado por ser malfeitor ou por se rebelar contra o governo de Cesar; ou por não adorar a Cesar como deus, aceitar a cultura vigente; saber que vai morrer de maneira dolorosa e exposta para que outros vejam e não queiram a mesma condenação. Servir de exemplo.

A crucificação ou crucifixão era um método de execução tipicamente romano, primeiramente, reservado a escravos rebeldes. Crê-se que foi criado na Pérsia, sendo trazido no tempo de Alexandre para o Ocidente, sendo, então, copiado dos cartagineses pelos itálicos. Nesse ato combinavam-se os elementos de vergonha e tortura, e por isso o processo era olhado com profundo horror. O castigo da crucificação começava com flagelação, depois do criminoso ter sido despojado de suas vestes. No azorrague, os soldados fixavam os pregos, pedaços de ossos, e coisas semelhantes, podendo a tortura do açoitamento ser tão forte que, às vezes, o flagelado morria em consequência do açoite.O flagelo era cometido ao réu estando este preso a uma coluna.

No ato de crucificação a vítima era pendurada de braços abertos em uma cruz de madeira, amarrada ou, raramente, presa a ela por pregos perfurantes nos punhos e pés. O peso das pernas sobrecarregava a musculatura abdominal que, cansada, tornava-se incapaz de manter a respiração, levando à morte por asfixia. Para abreviar a morte, os torturadores, às vezes, fraturavam as pernas do condenado, removendo, totalmente, sua capacidade de sustentação, acelerando o processo que levava à morte. Mas era mais comum a colocação de "bancos" no crucifixo, que foi, erroneamente, interpretado como um pedestal. Essa prática fazia com que a vítima vivesse por mais tempo. Nos momentos que precediam a morte, falar ou gritar exigia um enorme esforço.

Seguir:    ir atrás ou na companhia de, marchar ou caminhar após; acompanhar; marchar ou caminhar tão depressa como; acompanhar;  ir, correr na pista ou no encalço de; perseguir; vir depois, suceder a; continuar, prosseguir; continuar na marcha encetada; prosseguir; tomar em consideração, ter como modelo; imitar; estar ao pé de, próximo a; olhar, acompanhar com atenção; examinar o desenvolvimento, o progresso de; observar, analisar, perscrutar; tomar o partido de, ser sectário de; aderir, partilhar, professar; não infringir; cumprir, observar, guardar; manter inalterado; cumprir, observar; exercer, entrar em carreira ou profissão de; ir em certa direção; deixar um local, ir embora; partir; dar-se como consequência; decorrer, resultar; estar colocado um depois do outro; pôr-se em ação; começar.

Discípulo: quem estuda; aluno; aprendiz, aluno receptivo a ensinamentos; aluno, seguidor disposto a dar prosseguimento ao trabalho (de seu mestre); epígono; seguidor devotado (das idéias, conselho ou exemplo de outro); seguidor convicto (de uma idéia, uma virtude, um ideal etc.)

Rubrica: religião, nos Evangelhos, cada um dos apóstolos, seguidores próximos de Jesus, aos quais ele transmitiu seus ensinamentos para que os propagassem

A palavra grega mathetes, que significa “discípulo”, é encontrada exclusivamente nos Evangelhos e no livro de Atos.